A economia mundial está passando por mudanças. O capitalismo atingiu um ponto em que é inevitável que essa transformação aconteça. Só temos um planeta e estamos esgotando recursos naturais fundamentais para o funcionamento da sociedade como conhecemos. Não conseguimos reduzir as desigualdades e muitas pessoas ainda vivem sem acesso a água, saneamento, energia e alimentação. Os governos de todo o mundo, em geral, parecem estar falhando nessa missão, relegando a tarefa à iniciativa privada.
Por isso, não é nenhuma surpresa que modelos de produção e consumo sustentáveis sejam uma das maiores tendências econômicas para os próximos anos. Negócios que buscam contribuir para um mundo mais igual e saudável se destacam porque atendem a necessidade das pessoas de ver que algo está sendo feito para reverter e corrigir o cenário ambiental e social em que vivemos.
Empresas que adotam práticas mais justas e têm preocupação social também conseguem ter melhores resultados. Ao contrário do que se pensa, modelos de gestão e produção sustentáveis podem ser mais econômicos e lucrativos.
Eles também saem na frente em termos de reputação e valor de marca, por entregarem, exatamente, o que boa parte dos consumidores espera.
Neste artigo, você vai entender como é possível ser mais sustentável dentro do capitalismo, o que é o movimento pelo capitalismo consciente e como funciona o empreendedorismo de impacto.
O que é capitalismo consciente?
O termo capitalismo consciente se refere, hoje, a um movimento global que surgiu nos Estados Unidos a partir de um estudo acadêmico. A pesquisa tinha o objetivo de analisar como algumas empresas conseguiam manter alta reputação e fidelidade dos clientes sem ter investimentos exorbitantes em publicidade e marketing. O trabalho foi feito por Raj Sisodia, Jaf Shereth e David Wolf.
Antes que o estudo fosse publicado, ele chegou até John Mackey, CEO da rede de supermercados americana Whole Foods. No conteúdo da pesquisa, Mackey identificou características e atitudes que há muitos anos aplicava no seu negócio. A Whole Foods é uma rede de supermercados originalmente focada na venda de produtos naturais, orgânicos e sem preservantes, sabores, cores e gorduras artificiais.
Com a contribuição de Mackey, os resultados da pesquisa foram transformados em um livro. Firms of Endearment, traduzido no Brasil para “Empresas Humanizadas”, foi publicado em 2007 e explica como empresas lucram a partir da paixão e do propósito.
Esse livro foi a base para o movimento Capitalismo Consciente, que defende práticas de empatia, pertencimento e responsabilidade social dentro das organizações capitalistas. Segundo a teoria, empresas humanizadas são aquelas que dão um sentido para o capital. Esses negócios conscientes se baseiam em quatro diretrizes:
Um dos braços da visão mais sustentável do capitalismo é o empreendedorismo de impacto, que são negócios voltados para resolver problemas sociais. Eles querem, sim, ser lucrativos, mas têm como principal propósito contribuir para a qualidade de vida das pessoas de maneira sustentável.
Sustentabilidade é a característica de todo processo, produto ou modelo de negócios capaz de se sustentar a longo prazo. Isso significa um modo de vida em equilíbrio com o meio ambiente e com as comunidades envolvidas, que não esgote os recursos naturais e as pessoas.
Por isso, o empreendedorismo de impacto está diretamente relacionado às metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Você conhece algum negócio que surgiu com o propósito de contribuir para algum desses 17 objetivos?
A Bambusa produz roupas íntimas com algodão orgânico que já nasce colorido.
A Bio Extratus produz cosméticos naturais e ganhou um prêmio em 2016 por instalar um sistema de geração de energia fotovoltaica em toda a sua planta industrial para gerar sua própria energia.
Se você leu nosso artigo anterior sobre green marketing, já sabe que existem grandes multinacionais apostando em ações de impacto social para se posicionarem no mercado como marcas que têm consciência, como a Natura e a Adidas. Esse é um primeiro exemplo de como é possível ser mais sustentável dentro do capitalismo.
Muitas dessas empresas não nasceram com o propósito de contribuir para um mundo mais equilibrado. Seus posicionamentos de responsabilidade social mais recentes costumam ser fruto de projetos de rebranding, que enxergaram a demanda do público de ver esse tipo de iniciativa.
Outros, porém, carregam, desde, o início esses objetivos em seu modelo de funcionamento e têm o impacto social positivo como propósito. É o caso da Be Green, por exemplo, a primeira fazenda urbana da América Latina, que fica dentro de um shopping em Belo Horizonte (MG), um projeto acelerado pela Baanko.
Iniciativas como a fazenda Be Green, de empreendedorismo de impacto e capitalismo consciente, precisam ter definidas algumas questões:
– qual é o propósito maior da empresa, a razão de existir? – como os valores da empresa serão incorporados nas práticas e processos internos? – as lideranças estão alinhadas com o propósito e os valores? – todos os públicos envolvidos são beneficiados de alguma forma? – o modelo de negócios é economicamente viável?
O estudo de viabilidade é uma fase importante de qualquer empreendimento. E quem pensa que os modelos de fast fashion, fast food, “fast” tudo são o único formato viável financeiramente se engana.
A green pressure (“pressão verde”) é uma das principais tendências citadas no relatório de 2020 da TrendWatching. De acordo com a consultoria, uma das líderes em análise de tendências de consumo no mundo, a sustentabilidade é um dos diferenciais mais valorizados pelos consumidores na hora de tomar uma decisão de compra.
Isso significa que, daqui para frente, a tendência é que consumidores prefiram gastar seu dinheiro e investir em empresas que sejam ecologicamente corretas. Além disso, empresas que se preocupam com questões ambientais, sociais e de governança ética (indicadores chamados de ASG no mercado financeiro) têm performado melhor na bolsa de valores americana nos últimos anos. Qualquer recurso capaz de agregar valor ao negócio é uma forma de capital.
Fundos de investimento ASG também têm se tornado cada vez mais populares entre investidores. Segundo a BlackRock, empresa americana de gestão de ativos, fundos abertos globais sustentáveis captaram US$ 40,5 bilhões em novos ativos no primeiro trimestre de 2020. Esse valor representa um crescimento de 41% em relação ao mesmo período do ano anterior.
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