Marcas estão em todo lugar. As pessoas estão acostumadas a se deparar com propagandas e logos na televisão, no transporte, na rádio, em casa, seja em momentos de trabalho, de lazer ou de aprendizado. Fazemos contato com mais de 5 mil marcas por dia. Ninguém é capaz de assimilar todas as informações que recebe e, em meio a tantos estímulos visuais e auditivos durante o dia, muitas mensagens se perdem e se banalizam.
Neste cenário, o desafio que se coloca para as marcas é o de se destacar entre as demais. Como fazer com que o consumidor escolha prestar atenção no seu negócio em meio a tantas outras opções?
Marc Gobé, um dos maiores especialistas em branding do mundo, encontrou uma resposta para essa pergunta no jazz. Nesse estilo musical, a improvisação é bastante comum. As chamadas jam sessions são momentos em que instrumentistas se juntam, sem nenhum ensaio, para tocar juntos sem saber qual será o resultado. Nas jam sessions, os músicos improvisam todos ao mesmo tempo. É a colaboração entre eles que permite a inovação.
É por isso que o conceito criado por Marc Gobé recebeu o nome de brandjam. O fundamento dessa estratégia é encarar consumidores não como um alvo, mas como uma pessoa com quem se constrói uma relação afetiva e duradoura, um diálogo, uma colaboração, como os músicos de jazz fazem em uma jam session.
Neste artigo, vamos explicar o que é o brandjam, como essa estratégia funciona, quais as vantagens e como você pode começar a aplicar esse conceito na gestão da marca do seu negócio. Dê o play nesta jam session e aproveite a leitura ao som de uma boa improvisação!
O que é brandjam?
O brandjam é uma estratégia de branding focada em promover uma experiência de usuário positiva e despertar emoções nos consumidores, tendo como principal consequência a humanização da marca. Quer um exemplo? Em Brandjam: O Design Emocional na Humanização das Marcas, livro em que Gobé lança o conceito, o autor cita o dinamismo da logo do Google, adaptado às datas comemorativas.
Você provavelmente já parou o que estava fazendo para assistir um Google Doodle quando foi procurar algum termo na plataforma de buscas e foi surpreendido por um desenho simpático, com um botão convidativo de play, no lugar da logo do site. Os Google Doodles são animados, interativos e apelam para a comoção em torno de uma data especial.
Por meio das ilustrações, a empresa mostra que se importa com as comemorações ou personalidades celebradas, o que dá uma dimensão mais humana e afetiva para a marca: isso é fazer brandjam. Ações como essa vão na contramão dos anúncios banais de marcas que as pessoas estão tão acostumadas a ver que já nem prestam mais atenção.
Fazer brandjam é uma forma de fortalecer a marca sem desgastar o público. Em vez de bombardeá-lo com mensagens agressivas, que tal convidá-lo para uma interação mais humana?
“Assim como as pessoas, as empresas possuem uma parte lógica, que chamamos de cabeça; e também fazem parte de um contexto social, que chamamos de coração. As marcas precisam ser estimulantes e irresistíveis, no aspecto que chamamos de visceral. Quando vemos as marcas sob essa ótica, esse conjunto de órgãos, percebemos que diversas marcas possuem apenas a lógica da cabeça e se esquecem do lado da sensibilidade social, ou do entusiasmo, que cria aquele halo que pessoas buscam nas marcas. Como nos relacionamentos, que são frequentemente baseados numa experiência visceral, consumidores assumem uma marca que amam, mesmo no caso de experiências ruins.”
Quando estratégias de branding são montadas com base em um entendimento mais profundo da psicologia e do lado emocional do consumidor, a marca tem muito a ganhar. Os cases analisados por Gobé apontam para uma série de vantagens:
– criação de uma relação mais sólida e duradoura com o público; – conquista da confiança do consumidor; – aumento das chances de gerar um impacto positivo e ser lembrado; – diferenciação no mercado; – produtos viram celebridades; – empresa passa a ser vista como mais inovadora.
Quer um exemplo para todos esses benefícios? A Apple é outro case analisado por Gobé no livro. A empresa investiu no design emocional e na criação de experiências sensoriais únicas para transmitir o espírito da marca e envolver o público.
A Apple se preocupa com a experiência do usuário em todos os níveis, desde quando o consumidor acessa o site da empresa, até o momento de conhecer o que é oferecido nas lojas e depois da compra, interagindo com os produtos. Por meio do design, as lojas da marca se tornaram ambientes atrativos e interessantes, marcados pela possibilidade de experimentar cada um dos produtos.
Mais do que prática, a experiência de conhecer a marca e de testar o produto é emocionante. A Apple se tornou uma marca desejada, símbolo de status e, praticamente, uma celebridade. Lançamentos de novos produtos são aguardados e acompanhados, internacionalmente, por fãs e especialistas. A empresa foi eleita como a mais inovadora do mundo mais de uma vez.
Como montar uma estratégia de brandjam?
Se você quer impulsionar seu negócio com um posicionamento de marca inovador e que desperte emoções, mas não sabe por onde começar, confira nossas dicas!
Entenda o subconsciente dos seus consumidores
Mais do que definir quem é seu público, para saber como tocar o emocional das pessoas é necessário entender como acessar o subconsciente delas. Que tal começar perguntando? Pode ser interessante fazer uma pesquisa com o público-alvo da sua marca. Tente descobrir o que essas pessoas fazem no dia a dia e, principalmente, o motivo por trás de cada um desses hábitos.
Pense na jornada de compra e como torná-la o mais agradável e emocionante possível
Quando entendemos o que o consumidor sente ao longo do processo de procurar por um produto ou serviço, analisar suas necessidades e tomar uma decisão de compra, fica mais fácil identificar em que pontos a sua empresa pode amenizar uma dor ou dificuldade das pessoas durante esse processo.
Mas seu negócio pode ir além de solucionar problemas e pensar, também, em meios de encantar o público que embarca nessa jornada. Nosso objetivo é criar uma experiência de usuário inesquecível.
Um bom exemplo de design emocional e sensorial é o de marcas de roupas que têm um aroma único, utilizado para perfumar ambientes das lojas, peças vendidas em lojas físicas ou e-commerces. Há, inclusive, marcas que comercializam o aroma em forma de cosméticos, como a carioca Farm, por exemplo. A consumidora que está disposta a levar o perfume característico da loja para sua própria casa ou até seu próprio corpo é aquela que desenvolve uma relação afetiva e sólida com a marca.
Tenha canais de diálogo e inicie conversas com o público
Brandjam é sobre envolver o usuário, de forma colaborativa, para construir uma relação junto com ele. Por isso, a comunicação da sua marca precisa ser uma via de mão dupla. Esteja presente nas redes sociais e nos espaços físicos frequentados pelo seu público. Interaja, verdadeiramente, com essas pessoas! Inicie conversas, crie desafios, peça feedback.
Se você tem uma padaria, que tal criar uma playlist colaborativa on-line, por exemplo, com músicas para ouvir durante o café da manhã, permitindo que seus clientes adicionem suas faixas preferidas? Caso o seu negócio seja uma construtora, participe de eventos e pense em como a experiência do cliente ao visitar o stand de vendas pode ser completamente transformada para ser digna de virar assunto no almoço de domingo.
Criar uma experiência intuitiva, emocionante e interativa na hora de vender é fazer diferente do que a maior parte das empresas têm feito nos últimos anos. Quer ajuda para inovar e sair na frente da concorrência com uma boa estratégia de marca? Fale com a gente.
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