O que @lilmiquela, @shudu.gram e @thisis.kenna têm em comum? Todas elas são modelos, fazem sucesso no Instagram, influenciam seguidores, têm parcerias pagas com grandes marcas e não são pessoas reais. Miquela, Shudu e Kenna são exemplos de influenciadoras virtuais, também chamadas de irreais ou artificiais, criadas a partir de técnicas extremamente realistas de computação gráfica 3D, realidade virtual e inteligência artificial.

montagem com três influenciadoras digitais

Curiosamente, influenciadores virtuais utilizados como avatares de um negócio podem ser uma boa forma de humanizar a marca. A personagem virtual é a personificação dos valores e do propósito da empresa. Isso ajuda o público a se identificar com o negócio e se sentir mais próximo dele. 

Uma das tendências apontadas para 2020 pela consultoria global TrendWatching foi o avatar virtual da marca. O relatório indicou que os consumidores estavam se acostumando a construir relacionamentos significativos com figuras virtuais criadas com inteligência artificial. Neste artigo, vamos destrinchar essa tendência, mostrar como ela tem se desenrolado no Brasil e quais as possibilidades para marcas em apostar nessa estratégia.

Qual a diferença entre influenciadores virtuais e avatares de marca?

Primeiro, vale esclarecer que nem todo influenciador virtual é o avatar de uma marca. Miquela, por exemplo, a primeira influenciadora virtual a viralizar nas redes sociais, foi criada pela Brud, uma empresa de tecnologia do Vale do Silício. No site da empresa, os criadores afirmam que Miquela é “tão real quanto a Rihanna”. Ela já fez parcerias pagas com marcas como Calvin Klein e Prada e também trabalha como cantora. Suas músicas estão disponíveis no Spotify. 

Por ser fruto de um estúdio que cria personagens digitais, ela não está atrelada exclusivamente a nenhuma marca. Seu papel principal é ser a vitrine do trabalho da Brud.

post de instagram de uma influenciadora digital

Shudu, considerada a modelo virtual mais realista do mundo, foi criada pelo fotógrafo britânico Cameron-James Wilson e também não representa, unicamente, uma marca. Como qualquer modelo real, ela pode ser contratada por agências e empresas que se interessarem em vesti-la com seus produtos.

post de instagram de uma influenciadora digital

 

Kenna, por outro lado, além de influenciadora virtual, é também uma avatar de marca. Isso significa que ela foi criada com o propósito de representar uma única empresa, a Essence Cosmetics

Ela é uma versão digital do público alvo da empresa: jovens na faixa dos 20 anos que se interessam pelas tendências do mundo dos cosméticos. A descrição na biografia do perfil de Kenna do Instagram diz que ela trabalha como estagiária de product development na própria Essence. Em suas publicações, ela levanta bandeiras da marca, como a política de não testar em animais, representada na hashtag #crueltyfree.

post de instagram de uma influenciadora digital

A tendência que dá o que falar

As personagens virtuais não tentam se passar por pessoas reais e nem escondem que são fruto da tecnologia. Mesmo assim, provocam a curiosidade e a dúvida das pessoas. Os comentários questionando se elas são pessoas reais ou “robôs” são frequentes. Para empresas que querem chamar atenção nas redes e gerar engajamento, é um bom começo.

Há quem critique a novidade e defenda que admirar os influenciadores “robôs” não é saudável. O receio é de que as personagens possam afetar a forma como enxergamos a tecnologia, principalmente entre crianças e adolescentes

As gerações que já são nativas do digital tendem a encarar o mundo virtual com mais naturalidade. As influenciadoras não humanas publicam conteúdo como se fossem pessoas reais. Até que ponto o digital deve se assemelhar ao real?

Avatares de marca brasileiros

No Brasil, a primeira personagem virtual a surgir nas redes foi a influenciadora Vic Kalli. No entanto, ela não alcançou a popularidade que as avatares Lu, da Magalu, e Nat Natura conquistaram em tão pouco tempo.

post de instagram de uma influenciadora digital

A Lu veio para consolidar a presença da rede varejista Magazine Luiza no ambiente digital. Sua personalidade e seu comportamento refletem os valores da marca e, ao mesmo tempo, as dores da persona do público que a empresa quer atingir.  

O avatar da marca faz parte de uma estratégia de posicionamento de marca do Magazine Luiza. O projeto de rebranding adotou a versão encurtada do nome (Magalu).

Lu alcança a marca de 14 milhões de seguidores quando somados seus perfis de YouTube, Twitter e Instagram. Assim, a influenciadora virtual abriu caminho para uma empresa que priorizava as vendas em lojas físicas ocupar também o espaço da web, com uma linguagem informal e afetiva, que não economiza nos memes e no bom humor. 

Já a Nat Natura é a jovem que se posiciona como influenciadora digital e consultora de beleza da Natura no Twitter da marca. Assim como a Lu, ela também usa uma linguagem mais informal, acessível e com expressões típicas do ambiente digital. Ela comenta sobre os temas que estão em discussão nos Trending Topics da rede.

perfil de uma influenciadora digital no twitter

post de uma influenciadora digital no twitter

A personagem se posiciona, principalmente, sobre temas relacionados a autoestima, aceitação e quebra de padrões de beleza, além de questões ligadas à preservação do meio ambiente. Ela passou por uma transição capilar é dona de um gatinho chamado Murumuru. 

Assim, a Natura aposta no storytelling para levar seu posicionamento de marca até o público de forma mais leve. Quando Nat Natura fala sobre autocuidado, por exemplo, o público entende que esse é um valor para a marca. 

Além disso, as influenciadoras virtuais são uma forma de convidar os consumidores para uma conversa. As pessoas se sentem mais motivadas a interagir com uma marca nas redes sociais quando ela é colocada em um formato mais humano. Ao criar um personagem que passa por situações semelhantes às do público, a mensagem parece mais sincera e empática. 

Humanos de verdade são neurologicamente capazes de sentir empatia por robôs, produtos de inteligência artificial e personagens de computação gráfica. “Na verdade, não é um fenômeno novo, visto que é comum para personagens de jogos, mangá e animações. Empatia é uma habilidade humana básica”, explica Mich Kitazaki, professor do Departamento de Ciência da Computação e Engenharia da Universidade de Tecnologia de Toyohashi (Japão), nesta reportagem do Uol Tab

Que tal apostar em um avatar, ou fazer uma parceria com um influenciador virtual, na sua próxima campanha de posicionamento de marca? Aqui, na Calebe_, estamos sempre de olho nas tendências do digital e como as novas tecnologias podem ajudar seu negócio a se comunicar e vender melhor. Continue acompanhando nossos conteúdos aqui no blog e nas redes sociais!

Veja também: A relação entre marcas e influenciadores